O que é Endometriose?

Fortes dores abdominais, náuseas, vômitos, constipação e sangramentos anormais. Assim podemos descrever alguns dos principais sintomas da Endometriose, doença crônica inflamatória que afeta mulheres em idade reprodutiva. Essa doença, atualmente, acomete 15% das brasileiras e consiste na presença de tecido endometrial fora do útero. Mas de que forma a Cannabis pode atuar no tratamento da Endometriose?

O tratamento muitas vezes envolve a interrupção do ciclo menstrual. Dessa forma, é comum a prescrição de pílulas anticoncepcionais de modo contínuo. Porém, infelizmente, são comuns os casos aonde a dor não cessa completamente. Em busca da melhoria da qualidade de vida dessas mulheres, estudos recentes apontam que medicamentos provenientes da Cannabis podem ter grande potencial no tratamento dos sintomas da doença. 

Qual a relação da Cannabis no tratamento da Endometriose?

Um artigo publicado pelo Laboratório de Neurofarmacologia da Universidade Pompeu Fabra, na Espanha, aponta o THC como responsável por diminuir a dor e limitar o desenvolvimento de cistos endometriais em camundongos.

“A endometriose compromete enormemente a qualidade de vida pela dor severa e por complicações genito-urinárias. Estudos demonstram que a cannabis atua na melhora da dor, por exemplo. Com recuperação da qualidade de vida e diminuição de complicações”, explica a médica Maria Teresa Jacob, especialista em tratamentos com cannabis.

Além do alívio relacionado à dor, a cannabis medicinal também pode reduzir a inflamação causada pela doença. De acordo com pesquisas do Jornal Americano de Patologia, a terapia a base de Cannabis também é capaz de impedir que o tecido, que se distribuiu fora do útero, inflame e se prolifere.

Cannabis e a TPM (tensão pré menstrual)

A TPM é uma condição comum entre mulheres em fase de fertilidade. Estima-se que mais de 80% das mulheres do mundo sofram sofram com sintomas relacionados à TPM. Em suma, são sintomas diretamente ligados a dores e desconfortos como: dores abdominais, dores nas pernas, sensibilidade nos seios, náuseas e enxaqueca. Dessa forma, é inerente que terapias a base de CBD podem ser benéficas à mulheres que tem a qualidade de vida alterada por esses sintomas.

Ou seja, podemos afirmar com clareza que produtos à base de Cannabis combatem diversos sintomas que as mulheres enfrentam ao longo da vida. Dito isso, é essencial avançar nas pesquisas e nos tratamentos para que o público feminino possa ter uma vida mais mais confortável.

Uma história real da Cannabis no tratamento da Endometriose

Após anos sofrendo incessantemente com as dores da endometriose, Adriana Grosso, PhD e MSL da HempMeds Brasil relata para a Exame como a Cannabis medicinal poderia ter mudado a sua vida.

“Não havia um diagnóstico médico que explicasse a situação. Naquela época queria muito entender o que acontecia e desejava um remédio que aliviasse pelo menos as cólicas que eram a pior parte.”

Aos 30 anos, Adriana decidiu que queria engravidar, mas não foi nada fácil. Após uma bateria de exames, foi diagnosticada com endometriose. Em seguida, uma cirurgia para cauterizar os focos ectópicos e seis meses sem menstruar, com a ajuda de hormônios. A seguir, Adriana recorreu à métodos de fertilização, sem sucesso. Enquanto tudo isso acontecia, uma meningite quase tirou sua vida.

“Trabalho atualmente na área da saúde, provendo orientação técnica à médicos sobre os produtos de Cannabis com fins medicinais, sempre considerando a base da evidência científica.“

Adriana explica que o Sistema Endocanabinoide (SEC), é um dos sistemas que trabalha em prol do equilíbrio do organismo. Esse sistema está envolvido em todos os níveis da funcionalidade da reprodução feminina. Dessa forma, possui milhares de receptores espalhados pelos tecidos do sistema reprodutor e, quando sua função é preservada, evita diversos distúrbios. Adriana também enfatiza estudos realizados nos últimos anos que mostraram que a desregulação do SEC pode estar associada ao desenvolvimento de distúrbios do trato reprodutor feminino como endometriose, a síndrome dos ovários policísticos e até cânceres ginecológicos.

“Fitocanabinoides têm surgido como uma possibilidade de atuar sobre os receptores do SEC, conduzindo informações de regulação funcional, gerando efeitos analgésicos e anti-inflamatórios citados na literatura científica.”

Um final feliz e uma mensagem

Adriana hoje chega à menopausa com uma filha saudável de 18 anos. Por fim, ressalta a importância de conversar com o seu médico sobre a possibilidade de tratamento com Cannabis medicinal. Reafirma que é uma opção terapêutica de alta eficiência que deve ser explorada, em todas as suas possibilidades.

“Por vezes me pego pensando se tivesse tido a oportunidade de tentar os produtos de Cannabis com fins medicinais para controle daquelas cólicas menstruais e contenção da inflamação relacionada à endometriose, teria me poupado tantos anos de dor.”