Não é novidade a eficácia dos derivados da Cannabis no tratamento de doenças. Porém, você sabia que a maconha medicinal também pode beneficiar pets? É disso que vamos falar hoje, aqui no Blog Lista Verde. Conheça agora pets que foram tratados com a Cannabis medicinal.

Epilepsia Canina

Braddock é o cão de Joyce Armelin, tutora que nunca economizou em carinho e cuidados com seu amigo. Apesar do seu lar amoroso, Braddock teve sua primeira crise de epilepsia aos 11 meses de idade. Em seguida, seu tratamento começou com Fernobabital pediátrico, porém, após alguns meses, o cãozinho já vivia dopado sob efeito de Clonazepan. O pior de tudo é que, apesar dos esforços e visível perda de qualidade de vida, ainda assim as crises não cessaram.

Joyce afirmava que seu cão não passeava, não corria, sofria de grande fraqueza nas pernas juntamente com muitas marcas de batidas pelo corpo por ter seu equilíbrio comprometido. Inclusive, antes de iniciar o tratamento com cannabis, Braddock sofria de dez a quinze convulsões por dia.

“Hoje depois de apenas um mês de tratamento, ele parece outro cachorro. Acorda cedo, come bem, brinca e adora passear. Ele ainda tem crises, porém, sabemos que temos um longo tratamento pela frente e a melhora é visível. ” Declarou Joyce.

Hiperestesia Felina

Tutores de gatos sabem que esses animais podem ser mais reservados e temperamentais do que os cachorros. Porém, quando Loki, o gatinho de Camila Roque começou a se esconder mais que o normal e se mostrar agressivo, ela decidiu procurar um veterinário.

Em seguida, o diagnóstico foi Hiperestesia Felina, um distúrbio que causa hipersensibilidade na pele e pode levar a quadros de automutilação (como excesso de lambeduras, por exemplo). Então, considerando a agressividade aumentada pela doença, administrar comprimidos se tornou um desafio que aumentava o nível de estresse do animal. Em seguida, a terapia eleita foi o óleo de cannabis associado à corticóides.

“Em dois dias ele voltou a comer sozinho. No começo, ficamos na dúvida se era a cannabis ou os corticóides, mas reduzimos até ficarmos apenas com o óleo. Hoje ele está melhor do que antes do diagnóstico. Ele dorme na cama com a gente, coisa que nunca tinha feito antes. Não fica mais escondido e deixa a gente pegar ele no colo.” Declarou Camila.

Regulamentação da Cannabis medicinal para pets

Apesar do sucessos dos tratamentos já aplicados, os tratamentos com cannabis medicinal ainda não é regulamentado no Brasil. Isso porque a RDC 327 de 2019 vetou a prescrição de derivados da planta tanto para veterinários, quanto para dentistas. Assim, restringindo a profissionais “habilitados pelo Conselho Federal de Medicina”.

O Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) regula a profissão, enquanto o CFMV (Conselho Federal de Medicina Veterinária) é responsável pela fiscalização. Mas, felizmente, existe um vácuo legal: O estatuto dos médicos veterinários permite que eles adotem quaisquer tratamentos que julguem eficazes. Dessa maneira, é em cima dessa brecha que os veterinários vem prescrevendo cannabis a animais.

“Na falta de proibição, o veterinário não tem previsão legal para ser penalizado pela prescrição”, diz o professor Erik Amazonas, responsável por criar a primeira disciplina de endocanabiologia em curso de graduação veterinário, que ele ministra na UFSC. Mas, a brecha legal não impede que existam complicações na prescrição de cannabis para pets. “Se eu pegar o óleo e der para o tutor, a lei considera que é tráfico”, comentou o professor.

Aumentando a demanda de Cannabis para pets

Fabio Mercante de San Juan, também conhecido como Dr. Pet Cannabis, é pioneiro no estudo e prescrição de cannabis para pets. Além disso, ele também ministra o único curso no Brasil sobre canabiologia na veterinária. Assim, Fabio formou 430 alunos e cerca de 300 prescrevem cannabis para pets ativamente.

“A ideia surgiu porque eu não conseguia mais atender todos os pacientes que chegavam. Pensei: tenho que ensinar mais veterinários porque, em vez de o Brasil ter 500 pacientes animais fazendo terapia com cannabis, vão ser milhares, e assim que mais veterinários começarem a prescrever nós conseguiremos a regulamentação” Afirmou o professor que acredita que a demanda deve vir antes das leis.

A cannabis possui fitocanabidioides e, dentre os mais conhecidos, estão o CBD e o THC. Dessa forma, a concentração dos diferentes canabidioides determina se o produto é “full spectrum” (espectro total), “broad spectrum” (spectro amplo) ou CBD isolado. Assim, a finalidade ou a patologia que será tratada definirá qual desses será escolhido.

Leia mais sobre concentração de fitocanabidioides em diferentes óleos aqui.

Fontes: Sociedade Brasileira de Estudos de Cannabis; VtCann; Rede de Cannabis Medicinal Veterinária; folha.uol.com.br