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O que é ser uma mãeconheira?

O que é ser uma mãeconheira?

Mãeconheira. O termo por si só, gera ironia. Mesmo que involuntária, mesmo que infundada, gera ironia. Em uma sociedade amplamente patriarcal, onde mulheres precisam de permissão masculina para tudo (até mesmo para não gerar um filho), poucas coisas podem soar tão absurdas quanto a ideia de uma mãe maconheira. Ou melhor, uma mãeconheira.

Se elas nasceram para prover, para gerar, para alimentar, para serem MÃES, quem lhes dá o direito de prejudicar essa função por simples auto prazer? É aí que levanta-se a questão: Quem disse que prejudica? Pois, apesar da falta de estudos e provas que comprovem essa tal irresponsabilidade desumana que é usar maconha durante a maternidade, o tabu segue firme e forte.

Mulher.

mãe

Antes de aprofundar sobre o termo “mãeconheira”, é importante aprofundar sobre o inicio da palavra: Mãe. Um termo tremendamente forte, que quase sempre é romantizado como se, na verdade, não fosse também um termo tão solitário. Solitário porque, muitas vezes, esquecemos de que mães, antes de mães eram mulheres. Eram pessoas. E apesar do contrato, jamais assinado, dizer que nascemos somente e apenas pra isso, ser mãe não anula a origem: Mulher.

E, por mais absurdo que pareça a necessidade da lembrança: Mulheres, que também são pessoas. Pessoas que também precisam ser vistas, ouvidas, notadas como seres independentes, além da própria cria.

Por que será que a mãe usuária de maconha é tão criticada, apesar da falta de dados que confirmem a necessidade dessas críticas? Talvez devêssemos nos aprofundar e nos perguntar porquê, afinal de contas, mães recebem tantas críticas infundadas (maconheiras ou não).

De onde vem o fruto?

Que não gere confusão a imensa responsabilidade que envolve a criação de um pequeno ser humano. Ela é real, pulsante e deve ser garantida. Mas talvez seja o momento de levantarmos a questão de por que sentimos, e a verdade é que sentimos, que essa responsabilidade é unilateral. Porque ela não é.

Bendito o fruto do vosso ventre mas, que não esqueçamos, como foi que o fruto chegou ao ventre. E que agora, não há o que debater, é missão passada pra dois. Ou pelo menos deveria ser. É peso carregado por quatro braços, não apenas dois. É cobrança, incessante cobrança, que deve ser despejada sobre dois colos.

Mãeconheira, e daí?

Que tragam as provas, que tragam os estudos, as pautas assinadas por especialistas, o que for necessário para provar que mãeconheiras são menos mães. Mas que, por favor, também não se ignore o que muitas MÃES já fizeram para tentar tratar doenças de seus filhos, com remédios provenientes dessa planta.

Que lembremos também da mãe Margarete Brito, fundadora da primeira fazenda legalizada para o cultivo de Cannabis Medicinal. Mãe, mas muito mãe mesmo, que percorreu esse tremendo caminho de luta para que não faltasse tratamento para sua filha Sofia, que sofria com convulsões.

Que nesse dia das mães, além dos abraços e presentes, nos lembremos também de tudo que envolve ser mãe, mulher, mãeconheira, ou seja lá o que decidirem ser.