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CANNABIS MEDICINAL EM EPILEPSIAS GRAVES – RAZÕES PARA UTILIZAR

CANNABIS MEDICINAL EM EPILEPSIAS GRAVES – RAZÕES PARA UTILIZAR

A abordagem da Cannabis Medicinal em Epilepsias Graves estimula as atividades neuronais e redução da frequência das crises epilépticas / 2021

A Cannabis Medicinal em Epilepsias Graves atua no Sistema Endocanabinoide, como regulador das funções homeostáticas, fisiológicas, modulação da dor e redução das crises convulsivas.

O tratamento aos pacientes com epilepsia requer cuidados médicos e cirúrgicos para problemas comuns e de maiores complexidades. Equipes multidisciplinares trabalham juntas para encontrar a origem da epilepsia (seja genética, estrutural, autoimune, neurometabólica) e gerenciar casos considerados graves, com opções farmacológicas e não farmacológicas, incluindo cirurgia, dieta cetogênica e terapias de neuromodulação, estimulação cerebral e o uso de Cannabis Medicinal em Epilepsias Graves.

Os ensaios clínicos para o tratamento da epilepsia refratária ao tratamento médico concentraram-se, principalmente, em novos tratamentos com medicamentos e resultaram em uma porção significativa de indivíduos cujas convulsões permanecem refratárias à medicação. Os estudos da Cannabis Medicinal em Epilepsias Graves apontaram que dois princípios ativos da planta, o Delta-9-Tetrahidrocanabinol (THC) e o Canabidiol (CBD) mostraram efeito significativo na redução das convulsões características.

O Canabidiol (CBD) é considerado seguro e eficaz no tratamento de convulsões, por não possuir efeitos psicotrópicos (não provoca alterações de percepção e não causa dependência) e apresentar menos efeitos adversos em pacientes que sofrem convulsões graves. Os efeitos adversos do CBD, em geral, parecem ser benignos e melhoram com o uso contínuo do CBD ou adequação da dose.

O CBD pode ser usado em conjunto com medicamentos convencionais para epilepsia, atuando como antiepiléptico ou como regulador do Sistema Endocanabinoide e das funções homeostáticas e fisiológicas, dentro do Sistema Nervoso Central. Os receptores CB1 controlam os movimentos musculares e funcionam como antiepilépticos, sedativos, ansiolíticos, antioxidantes e neuroprotetores.

A epilepsia é um distúrbio cerebral em que uma pessoa tem convulsões recorrentes, desencadeadas por mudanças na atividade elétrica e química do cérebro. O tipo de convulsão de uma pessoa depende de onde ela ocorre no cérebro e de quanto do cérebro está envolvido. 

Em geral, a epilepsia resistente a medicamentos está associada a graves consequências psicossociais e problemas cognitivos, que comprometem a qualidade de vida. O paciente é diagnosticado com epilepsia resistente a medicamentos, quando as convulsões não podem ser controladas, após a adequação da dose e utilizando-se, pelo menos, dois medicamentos antiepilépticos. 

Cannabis Medicinal em epilepsias graves
Cannabis Medicinal em epilepsias graves

Ação benéfica do Canabidiol (CBD) à saúde – Cannabis Medicinal em epilepsias graves.

A Cannabis é uma planta utilizada no tratamento da epilepsia, desde a antiguidade. Pacientes com epilepsia grave, que utilizam o CBD, em geral, apresentam remissão das crises epilépticas ou redução significativa na frequência das crises. 

O CBD não possui efeito psicoativo, característico dos Medicamentos à base de Cannabis

O CBD é um dos compostos químicos ativos existentes na planta Cannabis e conhecidos como Canabinoides. O CBD não possui o efeito psicoativo, que causa a sensação de excitação e euforia e não gera efeitos cognitivos e psicológicos, que pode causar reações adversas em algumas pessoas. Ainda que a necessidade do paciente seja por uma dosagem mais elevada, o CBD é uma alternativa terapêutica que tem se mostrado eficiente e segura.

As diversas características medicinais do CBD possibilitam ao paciente beneficiar-se das suas propriedades terapêuticas e, embora seja geralmente bem tolerado e considerado seguro, o uso de Cannabis Medicinal em Epilepsias Graves pode apresentar eventuais efeitos colaterais, como: diarreia, mudanças no apetite e peso, fadiga, etc.

O CBD pode interagir com vários medicamentos e potencializar sua ação no organismo. Para o uso seguro do Canabidiol, em pacientes com epilepsias graves, é importante o planejamento estratégico das equipes multidisciplinares  que assistem o paciente, para garantir sua segurança e evitar interações potencialmente prejudiciais.

Os Endocanabinoides diminuem a liberação de neurotransmissores excitatórios, prevenindo as convulsões

Os Endocanabinoides (Canabinoides sintetizados no Sistema Nervoso Central) atuam nos receptores CB1 e CB2 e são expressos por neurônios centrais e periféricos e a perda de ambos os tipos de receptores resultará em uma forma espontânea e mais grave de convulsões. Medicamentos que aumentam a atividade desses receptores podem ser usados como meio terapêutico para distúrbios convulsivos.

O CBD é um meio terapêutico para distúrbios convulsivos, pois possui propriedades antiepilépticas e os efeitos adversos costumam ser benéficos e suprimidos com o uso contínuo e ajuste da dose.

A British Pediatric Neurology Association (BPNA) recomenda o uso infantil de Cannabis Medicinal em Epilepsias Graves

A orientação do BPNA afirma que a Cannabis medicinal deve ser considerada para crianças que tem uma epilepsia que não responde aos medicamentos antiepilépticos convencionais licenciados, que não responderam à dieta cetogênica ou que não são adequados para a dieta e não são candidatos à cirurgia de epilepsia.

O BPNA afirma que a melhor evidência atual para a Cannabis Medicinal é o CBD, um líquido altamente purificado, que foi licenciado nos EUA pela Food and Drug Administration e está atualmente em processo de pedido de licença da Agência Europeia de Medicamentos.

O motivo pelo qual o BPNA está apenas recomendando o CBD é que há algumas evidências que mostram que esse medicamento recém-desenvolvido pode ser eficaz na redução de alguns tipos de convulsões nas síndromes de Dravet e Lennox Gastaut.

Os ensaios clínicos randomizados duplo-cegos de CBD puro, em crianças e jovens com essas síndromes, mostraram redução maior nas convulsões mensais, em comparação com os placebos e outros estudos abertos mostraram que, também pode ter um efeito antiepiléptico nas epilepsias em geral.

Pacientes com síndrome de Dravet e síndrome de Lennox-Gastaut apresentam redução na frequência de crises

O Food and Drug Administration (FDA) aprovou o uso do CBD Epidiolex* para tratar as duas formas raras de epilepsia. O CBD foi capaz de reduzir o número de convulsões e, em alguns casos, conseguiu interrompê-las por completo. Os efeitos adversos mais comuns enfrentados pelos pacientes são: sonolência, diminuição do apetite, diarreia, fadiga, etc., são considerados inexpressivos, diante dos benefícios efetivos.

Os receptores do Sistema Endocanabinoide são capazes de modular os processos cerebrais e gerar estímulos anticonvulsivos, que podem bloquear as crises em Epilepsia Resistente a Medicamentos

Ao início da medicação, os pacientes apresentam redução significativa no quadro convulsivo, melhora cognitiva e diminuição no risco de danos cerebrais irreversíveis. A ação do CBD reduz as descargas elétricas cerebrais que ocorrem de forma irregular e desencadeiam as crises epilépticas.

O uso de Cannabis Medicinal em Epilepsias Graves atua no controle da ansiedade e insônia, geradas pela recorrência das crises e sugerem que o CBD pode ajudar a adormecer ou a permanecer dormindo, de acordo com a necessidade do paciente e prescrição médica.

O uso de CBD pode concorrer para a redução do uso de medicação antiepiléptica

O Canabidiol é um anticonvulsivo, que age no Sistema Nervoso Central, interrompendo as descargas elétricas, responsáveis pelos movimentos convulsivos involuntários e súbita perda de consciência.

O CBD apresenta resultados eficazes no tratamento de convulsões, podendo interagir potencialmente com outros medicamentos e é capaz de reduzir a incidência convulsiva ou interrompê-las totalmente. Os receptores bloqueiam a transmissão dos sinais de dor e funcionam em outros sistemas de sinalização dentro do cérebro, que têm propriedades protetoras e anti-inflamatórias.

Conclusão

Os estudos demonstraram que os resultados obtidos pelo uso da Cannabis Medicinal em Epilepsias Graves apresentaram significativa redução da frequência das crises epilépticas. Observou-se que o CBD, também reduziu, expressivamente, a ocorrência de outros tipos de crises, refletindo amplo espectro de efeitos do CBD. 

Embora os efeitos adversos mais comuns, pelo uso do CBD, indiquem gravidade leve à moderada, incluindo sonolência, diarreia e diminuição do apetite, as vantagens se sobressaem de modo considerável, a partir da redução das crises epilépticas e melhora significante da qualidade de vida.

O CBD pode interagir com alguns medicamentos antiepilépticos, portanto, é aconselhável consultar um médico sobre potenciais interações medicamentosas, realizando-se a análise clínica e exames, que identifiquem alguma reação adversa transitória ou a necessidade de ajuste da dosagem do medicamento.

REFERÊNCIAS

DOYLE, Alexander; HARVEY, Jay. Cannabis and epilepsy. Journal of Dual Diagnosis, v. 16, n. 1, p. 75-82, 2020.

GHERZI, Marcella et al. Safety and pharmacokinetics of medical cannabis preparation in a monocentric series of young patients with drug resistant epilepsy. Complementary therapies in medicine, v. 51, p. 102402, 2020.

GUERRINI, Renzo. Epilepsy in children. The Lancet, v. 367, n. 9509, p. 499-524, 2006.

KLOTZ, Kerstin Alexandra et al. Expectations and knowledge of cannabidiol therapy for childhood epilepsy—A German caregiver survey. Epilepsy & Behavior, v. 111, p. 107268, 2020.

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