Blog

Reviews e Análises

A Cannabis Medicinal pode ser indicada aos pacientes com doença de Parkinson?

A Cannabis Medicinal pode ser indicada aos pacientes com doença de Parkinson?

O uso de Cannabis Medicinal é prescrito para uma variedade de patologias e tem apresentado resultados promissores no tratamento de pacientes com Doença de Parkinson, pois fornece alívio dos sintomas, principalmente, nos tremores involuntários e dores musculares.

A Doença de Parkinson é um transtorno neurodegenerativo crônico, que provoca a degeneração irreversível dos neurônios (morte das células) que produzem o neurotransmissor Dopamina (substância química que interfere na comunicação entre as células nervosas).

A doença neurológica afeta, principalmente, os movimentos, causa tremores, lentidão de movimentos, rigidez muscular, desequilíbrio, alterações na fala e na escrita.

A doença crônica e progressiva atinge cerca de 1% a 2% da população mundial e, em torno de 3,3% dos brasileiros, com idade superior a 60 anos.

Os receptores Endocanabinoides controlam os movimentos musculares e funcionam como antiepilépticos, sedativos, ansiolíticos, antioxidantes e neuroprotetores, pois se ligam aos receptores Canabinoides CB1, no Sistema Nervoso Central (SNC).

A hipótese sobre a ação dos Canabinoides sugere que ocorram efeitos indiretos sobre esses receptores, uma vez que pessoas com Doença de Parkinson têm menos receptores CB1, que as pessoas sem a doença. O impulso ao receptor CB1 provocado pela Cannabis Medicinal pode amenizar os tremores. 

Não existe um protocolo padrão para o tratamento da Doença de Parkinson, uma vez que os sintomas são individuais e podem estar relacionados ao estilo de vida do paciente.

Dentre as formas de tratamento está o uso de medicamentos neuroprotetores, que bloqueiem a diminuição progressiva de dopamina, que é o responsável pelos circuitos nervosos, mas não há medicamento capaz de reverter os efeitos da doença.

Dessa forma, o tratamento psicoterápico é indicado para controlar a depressão, perda de memória, surgimento de demências e atuam combinados com a interação medicamentosa. Em alguns casos é necessária a indicação de fármacos antidepressivos ou psicotrópicos.

A ação antioxidante do THC e do CBD pode fornecer neuroproteção contra a degeneração progressiva de neurônios em pacientes com Doença de Parkinson e alívio de sintomas não motores, especificamente humor deprimido, fadiga e comprometimentos de memória.

A Cannabis Medicinal como agente terapêutico ajuda a minimizar as consequências adversas. Os efeitos colaterais variam de acordo com os índices de THC e CBD e podem incluir fadiga, tontura, náusea, ansiedade, dor de cabeça, alterações visuais, cognição prejudicada ou palpitações.

As reações neurológicas da Doença de Parkinson podem ser aliviadas pela Cannabis Medicinal, mas a eficácia dependerá de outros fatores, como o estágio da doença. O uso crônico de Cannabis Medicinal pode aumentar o risco de transtornos de humor e câncer de pulmão.

Ainda há discussão na comunidade médica sobre os benefícios do uso de Canabinoides em pacientes com Doença de Parkinson, pois há perda dos neurônios responsáveis pela função motora e, embora os Canabinoides tenham potencial para restabelecer parcialmente os neurônios danificados e melhorar a condução nervosa, não há benefícios relevantes no aspecto motor.

Outro fator importante é que o THC pode predispor efeitos adversos na parte cognitiva e ocasionar alucinações, sendo recomendado como terapia complementar no tratamento da Doença de Parkinson.

Apesar das descobertas pré-clínicas promissoras, os pesquisadores não sinalizam benefícios conclusivos sobre o usa da Cannabis Medicinal, no tratamento de pacientes com Doença de Parkinson.

O uso de medicamentos de ter prescrição e acompanhamento médico.

Fontes:

LEEHEY, M. A., et al. Safety and Tolerability of Cannabidiol in Parkinson Disease: An Open Label, Dose-Escalation Study. Cannabis and Cannabinoid Research, v. 5, n. 4, 2020.

SANTOS, R. G.; HALLAK, J. E. C.; CRIPPA, J. A. S. O uso do Canabidiol (CBD) no tratamento da doença de Parkinson e suas comorbidades. Revista de Medicina, v. 98, n. 1, 2019. p. 46-51. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/revistadc/article/view/150613.